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Expectativas para as startups de varejo em 2022



Por Ana Debiazi*


O ano de 2021 encerrou com recorde na nova economia, em especial para as startups. Os investimentos nesse segmento foram três vezes maiores do que em 2020. O Inside Venture Capital, relatório mensal produzido pela Distrito, mostra que em 2021 foram aportados US$ 8,85 bilhões em um total de 677 rodadas. No ano de 2020 esse volume foi de US$ 3,65 bilhões. O destaque foi para o Nubank, que liderou em volume recebido com duas rodadas, uma de US$ 750 milhões e outra de US$ 400 milhões.


O ano começou com a MadeiraMadeira alcançando o sonhado apelido de Unicórnio, mas ao longo de 2021 empresas de setores diversos, como e-commerce, criptomoedas, logística e mais, chegaram a esse status. Algumas dessas empresas tinham menos de dois anos de vida, como a Daki e a Merama, o que mostra a confiança dos investidores em soluções brasileiras.


As fintechs concentraram o maior número e valor de aportes: foram 153 investimentos, que juntos somaram mais de US$ 3,5 bilhões. Na sequência estão:


• Retailtechs, focadas em varejo e consumo (69 investimentos no total de US$ 1,03 bilhão); • Real state, voltadas ao mercado imobiliário (56 aportes, com valor de US$ 1,01 bilhão); • Edtechs, para educação (50, no total de US$ 553,6 milhões); e • Setor de mobilidade (41 e volume conjunto de US$ 390 milhões).


Outra prova dos bons ventos é que em setembro o gigante japonês Softbank, um dos maiores financiadores de startups do mundo, anunciou o SoftBank Latin America Fund II, com US$ 3 bilhões. A iniciativa veio depois do sucesso do SoftBank Latin America Fund, que investiu US$ 3,5 bilhões em 48 empresas da região.


Segmento de varejo é grande promessa

Indo especificamente para o segmento de varejo, operam no país 293 retailtechs – num universo de mais de 11 mil startups nacionais. As retailtechs são startups que utilizam tecnologia para criar soluções para estabelecimentos do comércio, parte fundamental do Varejo 4.0, conceito da nova era do varejo, marcada pela convergência entre o varejo tradicional e o digital. A ideia é unir os pontos fortes da loja física com as novidades virtuais que acompanham (e fomentam) as tendências de consumo.


Segundo estudo do Statista, a tendência é que, em 2022, as vendas cross-border (uma operação que ultrapassa fronteiras de países) representem 22% da comercialização de produtos físicos no e-commerce.


A pergunta que paira é: por que investir em startups desse segmento? Mesmo após a abertura das lojas físicas, lojistas de todos os tamanhos passaram a dar mais atenção para o digital, já que a compra online virou hábito para os brasileiros. Estima-se que 42% das vendas do varejo no Brasil virão de empresas com algum tipo de presença online. Segundo o estudo Beyond & Borders 2021, da EBANX, investir em mobile é estratégico, pois até 2025 espera-se que os smartphones respondam por 80% de todas as conexões de internet na América Latina.


Os consumidores continuam pesquisando no digital antes de ir a uma loja física


Apesar de 42% dos consumidores afirmarem que ir direto às lojas físicas é garantia de satisfação, isso é devido à falta de foco de lojas virtuais no atendimento e na experiência dos clientes. Investir em tecnologias que tragam uma excelente experiência ao cliente é o diferencial para crescer. Um atendimento de qualidade encanta os consumidores, o que gera maior potencial de recompra e uma boa reputação no marketing boca a boca. Por exemplo, o WhatsApp ainda é o maior canal de comunicação entre os varejistas e deve seguir na liderança; ainda mais com o lançamento recente da funcionalidade de pagamento pela plataforma, então deve receber atenção redobrada dos varejistas.


Experiência multicanais continua em alta

O e-commerce e a loja física devem andar juntos, pois, mesmo com o retorno da abertura do comércio, os consumidores continuam pesquisando no digital antes de ir a uma loja física. Por isso, ações figital — também conhecidas como omnichannel —, sem dúvidas, são tendência para 2022.


Segundo a AMI, até 2024, 75% das compras no e-commerce na América Latina serão realizadas por dispositivos móveis. Os estudos só comprovam a necessidade de ter uma estratégia de vendas mobile-first quando se tem uma loja virtual e a importância de um site responsivo, capaz de gerar uma excelente experiência de navegação e de compra. A tendência é que, se o visitante não conseguir navegar no site pelo celular, dificilmente retornará pelo computador — apenas procurará por outro e-commerce mais responsivo.


Usar da realidade virtual e aumentada para ver e experimentar o produto, além de proporcionar uma experiência mais exclusiva de compra, ainda ajuda na retenção dos clientes e no aumento de chances de conversão de venda; já que uma das objeções mais recorrentes de quem ainda não compra no mundo digital é não poder experimentar o produto.


Logística na mira de investidores

Quando o assunto é logística, percebemos que os lojistas usam meios de frete diversificados. A opção de retirada em loja alcançou um número expressivo, pois essa é uma modalidade que vem conquistando os consumidores por diminuir o tempo e o valor do frete nas entregas.


Para lojas virtuais que não possuem estabelecimento físico para retirada, uma opção no mercado tem sido a disponibilização de pontos de coleta/retirada, normalmente o mais próximo da localização do consumidor.


O frete e a logística foram o foco de investimento de muitos lojistas em 2021 e serão grandes diferenciais competitivos no varejo online em 2022. Oferecer distintas opções de entrega possibilitando ao consumidor ter a liberdade de escolher como quer retirar/receber o produto comprado é um diferencial.


Inovações em marketing

Um dos pilares para se destacar da concorrência no mercado de e-commerce é implementar estratégias de marketing. Elas são fundamentais, não só para atrair mais clientes e aumentar as vendas de uma loja virtual, mas também para auxiliar na retenção e fidelização desses clientes.


Não podemos deixar de falar das redes sociais quando o assunto é marketing. Afinal, a produção de conteúdo e postagens orgânicas aumentam a divulgação da marca, além de gerar interação com o público, humanizando a marca por meio da aproximação digital. O Instagram, assim como em 2020, segue sendo unanimidade entre lojistas virtuais, porém o TikTok e o Kwai estão se destacando em nichos específicos.


O uso de influenciadores digitais vem ganhando força no mercado. Segundo o resultado da pesquisa mundial da plataforma MuseFind, divulgado pela Revista Forbes, 92% dos consumidores confiam mais nos influenciadores do que em peças de publicidade tradicionais.

Segundo a pesquisa “Market Review: tendências do e-commerce para 2022”, 41% dos entrevistados já compraram produtos indicados por influenciadores nas redes sociais, e dentre essas pessoas, 77% apontaram o Instagram como forte influência.


E por falar em redes sociais, as live commerces devem se consolidar como uma forma de compra/venda online, é o que diz a 44ª edição do WebShoppers. “Por meio de lives que permitem que os consumidores interajam ao vivo com influenciadores e vendedores, a estratégia de live commerce é uma nova forma de realizar compras online.”


E, por fim, é indicado ter meios de pagamento diversificados, como Pix, carteiras digitais, WhatsApp Pay, além dos tradicionais, como cartão de crédito e boleto. Quanto mais opções, menos objeções de compra.


Está mais do que comprovado, seja pela tecnologia, seja pelos números crescentes, que este ano é bastante promissor para as startups de varejo.


*Ana Debiazi é CEO da Leonora Ventures, corporate venture builder com a proposta de trazer soluções para os setores de educação, logística e varejo e promover a aproximação entre organizações já consolidadas e startups.


FONTE: Varejo SA

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